Saca de café é negociada acima dos R$ 2 mil há quatro meses; entenda motivos da alta histórica

  • 18/03/2025
(Foto: Reprodução)
Após atingir o valor de R$ 2.769 em fevereiro, a cotação da saca do arábica retrocedeu, mas continua em patamar histórico. Grão de café Stephanie Rodrigues/g1 O café arábica entrou no 4º mês consecutivo com a saca de 60 quilos sendo negociada acima de R$ 2 mil. Após atingir o valor de R$ 2.769 em fevereiro, a cotação retrocedeu, mas continua em patamares históricos. 📲 Participe do canal do g1 Sul de Minas no WhatsApp Mas se o café nunca esteve tão valorizado para o produtor, ele também nunca esteve tão caro para o consumidor nas prateleiras. Enquanto quem produz "ri à toa" após anos de investimento e margem pequena, quem compra tenta encontrar alternativas para não pagar tão caro nos supermercados. Segundo relatório da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o preço mundial do café subiu 38,8% em 2024 na comparação com a média do ano anterior. E os valores devem se manter altos. Conforme o relatório, apesar de o encarecimento levar cerca de um ano para chegar aos consumidores ao redor do globo, o impacto dura pelo menos quatro anos, de acordo com o documento. No Brasil, a inflação do café foi de 66,18% no acumulado dos 12 meses em fevereiro, no acumulado dos 12 meses até janeiro, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado na última semana. O preço do café arábica, por exemplo, se elevou em 70% na bolsa Intercontinental Exchange (ICE) no ano passado e mais de 20% até agora neste ano. Mas por que o café está tão caro? Problemas climáticos, que prejudicam a oferta e corroem os estoques globais, são o principal motivo para a alta recorde do café. Desde dezembro, a saca de 60 quilos do café tipo 6 bebida dura é negociada acima de R$ 2 mil, pela primeira vez na história. Além dos fatores climáticos, a diminuição da produção de café na variedade conilon em países asiáticos diminuiu a oferta mundial e aumentou a demanda pelo café arábica, que é a variedade mais produzida no Sul de Minas Gerais. Segundo o pesquisador do IAC, Sérgio Parreiras, de 70% a 80% do que é plantado de café arábica no Brasil arábica vem das variedades Catuaí e Mundo Novo Consórcio Pesquisa do Café No entanto, a produção do café arábica, principal variedade plantada em Minas Gerais, teve uma redução de mais de 3,1% em comparação ao total colhido na safra anterior. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), a queda foi provocada por mudanças climáticas. Isso porque as primeiras floradas vieram em agosto e setembro do ano passado. Só que em outubro e novembro de 2023, houve episódios de ondas de calor extremo, o que prejudicou a produção. O cenário só não se tornou mais preocupante, porque a partir da segunda quinzena de dezembro de 2023, houve o retorno das chuvas mais regulares e também com volumes maiores. A queda da produção contribui para que a saca do café arábica se mantenha um pouco acima dos R$ 2 mil. "Sim, na verdade essa conjuntura de safras um pouco menores, expectativas também de safras futuras um pouco menor, elas dão sustentabilidade aos preços. Um outro fator importante é a questão cambial. Nós sofremos uma desvalorização bastante importante do câmbio, a desvalorização do real, e isso para o consumidor brasileiro é negativo, porque essa é uma commodity com preços determinados nas praças, no mercado internacional. Então isso de fato impacta preços internamente", disse o professor de economia da Unifal, João Marcos Caixeta Franco. Saca de café Arquivo g1/ Viola Júnior Ainda conforme o professor, esse cenário deve impactar e manter altos os preços do produto encontrados nas prateleiras. "Sim, o preço do pote de café subiu ao longo dos meses passados justamente em decorrência disso. Os fatores que citamos, ou seja, estoque, produção atual e expectativa de safra futura, foram todos eles, digamos assim, atingidos pela conjuntura de redução de safra. Então isso se traduz num preço maior do produto, tanto internamente quanto externamente. Mas na verdade, o fator variação cambial foi prejudicial para o consumidor brasileiro, ainda que seja benéfico para o produtor na formação da sua renda, no investimento que faz para que a produção se efetive e tenhamos né, safras futuras", completou o professor de economia. Menos exportações, mais dinheiro Em fevereiro, o Brasil exportou menos café do que no ano anterior, mas os valores recebidos foram 50% maiores que no mesmo período do ano passado. Exportações de café aumentam, apesar dos preços baixos Léo Júnior/Divulgação Seag De acordo com o relatório estatístico mensal do Cecafé, o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil, no mês de fevereiro o país embarcou cerca de 3,2 milhões de sacas, uma queda de 10,4% em relação a fevereiro do ano passado. Só que a receita foi maior. A receita ficou em 55,5 % maior também em relação a fevereiro do ano passado. "O Sul de Minas é uma das regiões que mais produz café no Brasil e exportamos para diversos mercados. E, especialmente, o mercado asiático tem aumentado a compra do café brasileiro e aqui do Sul de Minas. Em termos de volume, a tendência é que haja menor disponibilidade de produto por efeitos climáticos. Não só aqui no Brasil, mas em outros países. Consequentemente, dificilmente o preço vai baixar. Ou ele vai se manter ou ele vai subir, porque se tem menos oferta do grão no mercado, seja aqui no Brasil, seja lá fora", disse o professor de economia e finanças da Unifal, Marçal Serafim Cândido. Veja mais notícias da região no g1 Sul de Minas

FONTE: https://g1.globo.com/mg/sul-de-minas/grao-sagrado/noticia/2025/03/18/saca-de-cafe-e-negociada-acima-dos-r-2-mil-ha-quatro-meses-entenda-motivos-da-alta-historica.ghtml


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